Às vezes me indago: qual o lugar
do trabalhador nas universidades públicas? Pergunto-me o porque da pequena
quantidade de cursos ofertados fora do horário laboral diurno (mais comum da
maioria dos postos de trabalho). Vejo a elitização do ensino, mesmo que
involuntária, causada pela inércia de iniciativas de abertura de novas vagas em
horários diferenciados.
Para o trabalhador, em sua
maioria, resta estudar no ensino privado ou em cursos “renegados”,
“marginalizados”, e esquecidos pelos investimentos em educação. Já que por
coincidência, esses cursos lembram-se da existência dos trabalhadores.
Eu penso que a exclusão do
trabalhador dos processos acadêmicos, gera um grande mal e uma distorção social
acerca da importância dada a experiência advinda deste indivíduo. Acredito que
a comunhão de alunos com experiências laborais aliados àqueles que não as tem,
é muito produtiva no processo de construção do conhecimento. Não vejo porque
dificultar ou podar a atuação de quaisquer pessoas no âmbito acadêmico.
Existe um dito popularizado na
universidade: “Ou trabalha, ou estuda!” Uma grande falácia no sentido de que
não se pode avaliar a capacidade de alguém a partir de um preconceito. Esse preceito
rege forças contra a formação completa do indivíduo no âmbito, da pesquisa e
extensão. Retraindo assim, a ação do trabalhador, apenas ao ensino. Logo, como
pode o trabalhador desenvolver-se e emancipar-se de suas atribuições laborais
se todas as oportunidades lhe são fechadas? Outra indagação confere que, como
um terceiro pode aferir a capacidade de outrem? Para mim o pensamento que vige,
parte de pressupostos preconceituosos e elitizantes; eivados de erro, que
prejudicam a experiência do trabalhador na universidade.
Em nosso país, algumas
universidades até que possuem cursos noturnos, bolsas de auxílio, etc., mas
ainda carece em levar em consideração especificamente aqueles que trabalham;
porque isso é uma realidade cada vez mais corrente em nos cursos superiores.
Entendo que com todos os
conceitos e preconceitos que um trabalhador enfrenta, eu acredito que se um
trabalhador busca aperfeiçoamento em uma formação superior, e com isso, busca
engajar-se na busca pelo conhecimento, penso que este deve ser ajudado, e não
expurgado dos processos educacionais.
Portando, a máscara elitista e
elitizante tem que deixar de existir, para que todas as barreiras impostas não
só aos trabalhadores, mas todos aqueles que não conseguem exercer por completo
seus direitos, devem cair. Uma pessoa não pode ser taxada baseada em
preconceitos e muito menos tolida do direito a busca pelo conhecimento. Todos devem
ter as mesmas oportunidades de aprendizado. Porque se a igualdade é um dos princípios
que regem nossas sociedade, ela deve de fato acontecer, e não ser deixada de
lado em nenhum momento!
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