quinta-feira, 29 de maio de 2014

MOVIMENTOS SOCIAIS E A NECESSIDADE DE LIDERANÇA: SERÁ, ESTA, NECESSÁRIA?

Os movimentos sociais brasileiros, desde revolucionários e emancipacionistas à revoltas populares por melhores condições de vida e de trabalho, foram esmagados em sua maioria com violência.
Contudo existem exceções. Na década de 1980-90 foram os caras pintadas e os movimentos sindicais que expuseram o poder democrático de luta do povo brasileiro. Mais antigamente, os movimentos guerrilheiros contra a ditadura militar de 64, e um pouco mais antigo, a Coluna Prestes, dentre outras pulsões sociais do Século XX.

Atualmente, na última década, os movimentos sociais viveram uma derrocada, uma espécie de crise de identidade que causou o esvaziamento de suas lutas, passeatas, frentes de esclarecimento, etc. Entretanto, nos últimos anos as tensões sociais, voltaram a ressurgir, talvez não como antigamente, mas ressurgiram.
A peculiaridade, porém, é relativo à ausência de lideranças nos movimentos de junho de 2013 e de alguns outros de 2014. Juntam-se pessoas e manifestam-se. Independentemente de viés político-partidário. Simplesmente se organizam através das redes sociais em torno de um objeto comum de luta e vão para as ruas protestar. Esse foi o ponto paradigmático das manifestações de junho de 2013. Isso porque não haviam lideranças veladas, ou uma direção horizontal, simplesmente estavam ali dispostos a protestar a partir de uma convocação virtual.

E esse é o ponto chave em que quero chegar. Como uma massa se reúne para lutar por melhorias sociais comuns, mas não possuem liderança. Qual seu futuro? Seu caminho? Seu objetivo central? E se houverem conflitos, que fazer? Perguntas que só podem ser respondidas por um líder ou por pelo menos um porta-voz. Diferentemente do ressurgimento da força sindical adormecida de modo geral, nos últimos governos, esses movimentos sociais carecem de uma liderança e pecam infantilmente na organização de objetivos e pautas.

Isso porque um movimento de massa sem liderança pode tomar qualquer rumo político, para o bem da sociedade ou para o mal da mesma. Aproveitadores políticos podem tentar se erguer perante a multidão. Pode haver conflitos sangrentos, porque não há como controlar grupos mais radicais que não se esquivem da violência, mesmo que para defesa pessoal. O que enfraquece a força dos movimentos, porque afasta aqueles que não tem disposição para correr riscos físicos, isto é, por em risco sua incolumidade física.

Os movimentos sociais que deram certo na antiguidade possuíam líderes. Isto é, todos os grandes movimentos estavam imbuídos também não só de líderes, como também de uma ideologia, isto é, de ideias ou ideais que cerceavam os objetivos do grupo, norteavam sua vontade, e instruía seus participantes.

Apenas reunir-se para dizer que o país anda mal adianta, mas não resolve nossos problemas internos. Precisa-se de lideranças para dialogar com as autoridades públicas e pressionar veementemente com propostas do povo para o parlamento e o executivo locais e nacional. Não adianta exigir melhoras, se não há ninguém para formalizar as ideias perante aqueles representantes do poder legitimado. Por isso acredito nos movimentos sociais e no crescimento deles, mas enquanto não houverem lideranças, estes não passaram de manadas que seguiram os caminhos que as autoridades permitirem que sigam, e se não seguirem, serão coagidos.


Precisamos, então, de novas lideranças urgentemente. Precisamos de pessoas dispostas a tentar ao menos combater o status quo de nosso país que é vandalizado pelas elites oligárquicas desde as capitanias hereditárias mandando e desmandando em nosso país, organizando desde suas leis, até os poderes coativos e tudo que possa ser lembrado. Não adianta o povo falar, reclamar, protestar, ele também tem que ser ouvido e organizado de forma a poder pressionar de fato aqueles que detém o poder de fato e não os que são eleitos ordinariamente, a deixarem nosso país se desenvolver equilibradamente e democraticamente dentro de parâmetros respeitando os direitos humanos de modo geral, ambiental, e muitos outros direitos, e dentro de padrões humanamente possíveis.

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