Os movimentos sociais
brasileiros, desde revolucionários e emancipacionistas à revoltas populares por
melhores condições de vida e de trabalho, foram esmagados em sua maioria com
violência.
Contudo existem
exceções. Na década de 1980-90 foram os caras pintadas e os movimentos
sindicais que expuseram o poder democrático de luta do povo brasileiro. Mais
antigamente, os movimentos guerrilheiros contra a ditadura militar de 64, e um
pouco mais antigo, a Coluna Prestes, dentre outras pulsões sociais do Século
XX.
Atualmente, na última
década, os movimentos sociais viveram uma derrocada, uma espécie de crise de
identidade que causou o esvaziamento de suas lutas, passeatas, frentes de
esclarecimento, etc. Entretanto, nos últimos anos as tensões sociais, voltaram
a ressurgir, talvez não como antigamente, mas ressurgiram.
A peculiaridade, porém,
é relativo à ausência de lideranças nos movimentos de junho de 2013 e de alguns
outros de 2014. Juntam-se pessoas e manifestam-se. Independentemente de viés
político-partidário. Simplesmente se organizam através das redes sociais em
torno de um objeto comum de luta e vão para as ruas protestar. Esse foi o ponto
paradigmático das manifestações de junho de 2013. Isso porque não haviam
lideranças veladas, ou uma direção horizontal, simplesmente estavam ali
dispostos a protestar a partir de uma convocação virtual.
E esse é o ponto chave
em que quero chegar. Como uma massa se reúne para lutar por melhorias sociais
comuns, mas não possuem liderança. Qual seu futuro? Seu caminho? Seu objetivo
central? E se houverem conflitos, que fazer? Perguntas que só podem ser
respondidas por um líder ou por pelo menos um porta-voz. Diferentemente do
ressurgimento da força sindical adormecida de modo geral, nos últimos governos,
esses movimentos sociais carecem de uma liderança e pecam infantilmente na
organização de objetivos e pautas.
Isso porque um
movimento de massa sem liderança pode tomar qualquer rumo político, para o bem
da sociedade ou para o mal da mesma. Aproveitadores políticos podem tentar se
erguer perante a multidão. Pode haver conflitos sangrentos, porque não há como
controlar grupos mais radicais que não se esquivem da violência, mesmo que para
defesa pessoal. O que enfraquece a força dos movimentos, porque afasta aqueles
que não tem disposição para correr riscos físicos, isto é, por em risco sua
incolumidade física.
Os movimentos sociais
que deram certo na antiguidade possuíam líderes. Isto é, todos os grandes
movimentos estavam imbuídos também não só de líderes, como também de uma
ideologia, isto é, de ideias ou ideais que cerceavam os objetivos do grupo,
norteavam sua vontade, e instruía seus participantes.
Apenas reunir-se para
dizer que o país anda mal adianta, mas não resolve nossos problemas internos.
Precisa-se de lideranças para dialogar com as autoridades públicas e pressionar
veementemente com propostas do povo para o parlamento e o executivo locais e
nacional. Não adianta exigir melhoras, se não há ninguém para formalizar as
ideias perante aqueles representantes do poder legitimado. Por isso acredito
nos movimentos sociais e no crescimento deles, mas enquanto não houverem
lideranças, estes não passaram de manadas que seguiram os caminhos que as
autoridades permitirem que sigam, e se não seguirem, serão coagidos.
Precisamos, então, de
novas lideranças urgentemente. Precisamos de pessoas dispostas a tentar ao
menos combater o status quo de nosso país que é vandalizado pelas elites
oligárquicas desde as capitanias hereditárias mandando e desmandando em nosso
país, organizando desde suas leis, até os poderes coativos e tudo que possa ser
lembrado. Não adianta o povo falar, reclamar, protestar, ele também tem que ser
ouvido e organizado de forma a poder pressionar de fato aqueles que detém o
poder de fato e não os que são eleitos ordinariamente, a deixarem nosso país se
desenvolver equilibradamente e democraticamente dentro de parâmetros
respeitando os direitos humanos de modo geral, ambiental, e muitos outros
direitos, e dentro de padrões humanamente possíveis.
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