quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A Onda (Die Welle) "brasileira"

O filme alemão retrata uma experiência social realizada em 1967 pelo professor Ron Jones em uma escola de ensino médio na Califórnia. Na película, o professor Rainer é designado para realizar um projeto com seus alunos sobre Autocracia. Ele inicia a semana perguntando se é possível surgir uma nova autocracia na Alemanha. O objetivo do professor inicia-se em trazer minimamente a disciplina às salas de aula, obediência, ordem, enfim, vários aspectos presentes em um regime autocrático. No entanto, a experiência foge ao controle e tem que ser encerrada imediatamente.

Com a mesma indagação do filme, repito a pergunta para o leitor, será possível uma nova ditadura no Brasil? É uma pergunta severa que pode gerar várias respostas. Eu acredito que seja possível, e pior do que as ditaduras anteriores que já enfrentamos. O Brasil, historicamente, vive uma democracia jovem. Eu diria até que só estamos convivendo com ela depois de 1988. Os brasileiros ainda não aprenderam a conviver democraticamente uns com os outros.

Estamos passando por um momento histórico conturbado. Mas não porque passamos por uma "crise" preconizada nos noticiários brasileiros, mas porque ideias outrura infecundas, começam a ter cada vez mais adeptos. A intolerância cresce a cada dia, de forma silenciosa, sorrateira, nos vazios de poder, nas escolas abandonadas de conhecimento, e pelas ruas do Brasil não se fala de outra coisa a não ser de ódio.

O discurso de ódio tem tomado bastante espaço no tempo dos brasileiros. Vide a qualidade e quantidade de noticiários que transmitem praticamente violência comentada várias horas por dia. Em outros momentos, figuras religiosas pregando intolerâncias e ódio até incongruentes com a própria religião. Nas esquinas se ouve um "bandido tem que morrer", "se fosse eu matava", "tem que ficar preso para sempre"...

Então é possível sim voltarmos à uma nova Ditadura, e muito pior que a última. Nossas escolas já tem em sua personalidade a disciplina, adestramento, hierarquia, panóptico, etc. As empresas, autarquias, polícias, órgãos públicos estão balizados sobre os pilares da hierarquia e disciplina. Líderes carismáticos e sem conteúdo cada vez mais são eleitos para o Congresso Nacional. Defensores de ideias facistas percorrem os gabinetes do legislativo, executivo e judiciário brasileiros. Minorias são exterminadas indiscriminadamente e ninguém se importa, a possibilidade é real.

O sentimento pela ditadura ainda está latente, e a apatia dos opositores gritante. Se não for combatido por aqueles que são contrários, ele tomará força e poderão ocorrer mais tragédias no cenário brasileiro. O povo brasileiro explorado desde a colônia parece não querer abandonar seu passado. Temos que assumir uma nova identidade. Precisamos de uma nova cultura, de um novo paradigma, de uma nova educação. Não precisamos somente de novas leis, ou políticos honestos. Precisamos abandonar uma cultura enraizada no retrocesso e conservadorismo  para assim decidirmos por nós mesmos nosso futuro. 

Não existe solução para uma sociedade doente. Somente uma revolução cultural para mudar nosso futuro. Mais tolerância, mais amor, mais cultura, mais educação, mais discernimento, mais igualdade social, participação política e mais convivência coletiva levando em consideração as características pessoais de cada sujeito... Muito a ser mudado e poucos com vontade de mudar. 

A esperança é a última que morre!

Nenhum comentário:

Postar um comentário