O Brasil em sua história passa
por um curto momento de democratização dos escândalos. Mas porque uso esses termos,
o leitor pode perguntar. Uso porque em tempos não muito remotos não ocorria uma
deflagração de informações, ou pelo menos não ouço os antigos falarem de CPI’s,
denúncias de fraudes, “condenações” por corrupção, investigações de grandes
empresários, multas a grandes empresas, etc.
Contudo, como talvez por
influência de nosso sistema político econômico ou pela elite brasileira
secular, ocorre um movimento que diria um tanto peculiar, que seria o de canalizar
todas as condutas delituosas para destruir uma ideia, a ideia de que podemos
ter um país melhor. Quer seja para destruir a democracia vigente, quer seja
para esconder os erros cometidos por aqueles que possuem poderes políticos,
econômicos, dentre outros.
Esses últimos meses, houve uma
grande discussão em torno de uma prática política antiga que espero que
finalmente tenha se encerrado com o julgamento do “Mensalão”. A política era
para que através de vantagens pecuniárias, políticas, etc. as matérias do
governo fossem votadas e aprovadas. E por fim ocorreu uma pseudocondenação,
pseudo porque ainda não ocorreu a execução das sentenças (pelo menos que eu
saiba). Grande estardalhaço feito pela imprensa, acusando o governo, “mimimi” e
por fim, acabou a audiência, não houve resultados satisfatórios para se
desestabilizar o poder, logo se findaram as notícias.
Contudo, esse é só um exemplo
recente. Graças à democracia atual, temos a oportunidade de vermos julgamentos
de pessoas que estão no poder. Contudo, quando as denúncias são aos grupos
elitistas que estão no poder a décadas, quiçá séculos a grande mídia (sabemos
qual), cala-se. Então me indago, por que se cala, por que ataca só um lado da
política, por que, por que, por que. Para que tantas perguntas se a resposta é
simples: uma mídia construída pelas elites dominantes e ocupada por pessoas que
creem que o caminho é a manutenção do status quo atual, só pode defendê-los, ou
digo mais, defender-se.
Cito o exemplo recente das
manifestações, em que se pressionaram o governo federal e de alguns estados por
mudanças, por melhorias nas condições de vida, por direitos, por tudo que fosse
benéfico ao povo brasileiro. E nisso pressões sobre o governo se firmaram. No entanto
o que vi foi quase um ataque pessoal à presidenta, que muitas vezes nem tinha a
ver com o foco do que se estava protestando, como por exemplo, o que tem a ver
o governo federal com o aumento arbitrário de passagens de ônibus em São Paulo?
Eu pelo menos ainda não consigo enxergar se existe alguma ligação.
Logo vejo uma alienação do povo
para com as informações. Não defendo o governo, mas defendo a coerência,
existem pautas federais, estaduais e municipais, e seus respectivos
responsáveis e alvos. Mas digo ainda mais, chocou-me esses dias, uma reportagem
em um site que falava de um desvio de bilhões de reais de um partido opositor
ao governo federal, que governa o estado de São Paulo há décadas. A reportagem
em si, falava de um absurdo, que para mim não foi novidade devido a história de
São Paulo, de sucessivos rombos em suas contas, inclusive de pessoas declaradamente
corruptas sendo reeleitas, como Paulo Maluf.
Enfim, na reportagem citada, li
alguns comentários e me assustei com alguns acusando o governo federal pelos
problemas em contratos estaduais. Eu ainda não consigo encontrar sequer alguma
resposta para isso. Porque não é possível acontecer uma denúncia claríssima de
algo, e a pessoa acusar outro agente que sequer tem influência no caso. Para mim
um absurdo, o nível a que chegamos.
Faço então um desabafo, como nós,
como um povo que quer se esclarecer e se libertar do julgo de outras pessoas e
expressarmos nossas opiniões a partir de nossas próprias ideias se não
conseguimos enxergar ao que se mostra claramente a nossas vistas (pelo menos da
minha). Um país espoliado pelas mesmas elites há décadas, e contudo,
continuamos elegendo partes dos mesmos grupos de poder, estes que nunca
trouxeram benefícios para o país em geral, se não para seus cofres pessoais. O Brasil
precisa mudar urgente, precisamos de esclarecimento, precisamos não só de
instrução, precisamos de educação.
O caminho da educação é longo e
árduo, mas ultimamente tenho pensado que provavelmente seja um dos poucos para
se emancipar de um mundo que a tudo nos impõe. E porque a distinção entre
instrução e educação: porque a meu ver, nem sempre pessoas instruídas conseguem
enxergar a realidade de forma autônoma, e por isso uso educação, para em um
sentido lato, as pessoas conseguirem associar seus conhecimentos com a
realidade a partir disso se esclarecer.
Precisamos de uma educação que
abranja não só os conhecimentos inerentes à instrução formal, mas que
aprendamos política, filosofia, artes, esportes, etc., que atividades que
estimulem a reflexão e discussão de assuntos sejam trabalhadas entre os
educandos, e que aqueles que já se instruíram, que participem de rodas de
conversa, grupos de estudo, grupos de leitura, saraus, partidos políticos,
etc., mas que todos nós construamos um mundo que se autodetermine.
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