segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Brasil: uma máquina de escândalos

O Brasil em sua história passa por um curto momento de democratização dos escândalos. Mas porque uso esses termos, o leitor pode perguntar. Uso porque em tempos não muito remotos não ocorria uma deflagração de informações, ou pelo menos não ouço os antigos falarem de CPI’s, denúncias de fraudes, “condenações” por corrupção, investigações de grandes empresários, multas a grandes empresas, etc.
Contudo, como talvez por influência de nosso sistema político econômico ou pela elite brasileira secular, ocorre um movimento que diria um tanto peculiar, que seria o de canalizar todas as condutas delituosas para destruir uma ideia, a ideia de que podemos ter um país melhor. Quer seja para destruir a democracia vigente, quer seja para esconder os erros cometidos por aqueles que possuem poderes políticos, econômicos, dentre outros.

Esses últimos meses, houve uma grande discussão em torno de uma prática política antiga que espero que finalmente tenha se encerrado com o julgamento do “Mensalão”. A política era para que através de vantagens pecuniárias, políticas, etc. as matérias do governo fossem votadas e aprovadas. E por fim ocorreu uma pseudocondenação, pseudo porque ainda não ocorreu a execução das sentenças (pelo menos que eu saiba). Grande estardalhaço feito pela imprensa, acusando o governo, “mimimi” e por fim, acabou a audiência, não houve resultados satisfatórios para se desestabilizar o poder, logo se findaram as notícias.

Contudo, esse é só um exemplo recente. Graças à democracia atual, temos a oportunidade de vermos julgamentos de pessoas que estão no poder. Contudo, quando as denúncias são aos grupos elitistas que estão no poder a décadas, quiçá séculos a grande mídia (sabemos qual), cala-se. Então me indago, por que se cala, por que ataca só um lado da política, por que, por que, por que. Para que tantas perguntas se a resposta é simples: uma mídia construída pelas elites dominantes e ocupada por pessoas que creem que o caminho é a manutenção do status quo atual, só pode defendê-los, ou digo mais, defender-se.

Cito o exemplo recente das manifestações, em que se pressionaram o governo federal e de alguns estados por mudanças, por melhorias nas condições de vida, por direitos, por tudo que fosse benéfico ao povo brasileiro. E nisso pressões sobre o governo se firmaram. No entanto o que vi foi quase um ataque pessoal à presidenta, que muitas vezes nem tinha a ver com o foco do que se estava protestando, como por exemplo, o que tem a ver o governo federal com o aumento arbitrário de passagens de ônibus em São Paulo? Eu pelo menos ainda não consigo enxergar se existe alguma ligação.

Logo vejo uma alienação do povo para com as informações. Não defendo o governo, mas defendo a coerência, existem pautas federais, estaduais e municipais, e seus respectivos responsáveis e alvos. Mas digo ainda mais, chocou-me esses dias, uma reportagem em um site que falava de um desvio de bilhões de reais de um partido opositor ao governo federal, que governa o estado de São Paulo há décadas. A reportagem em si, falava de um absurdo, que para mim não foi novidade devido a história de São Paulo, de sucessivos rombos em suas contas, inclusive de pessoas declaradamente corruptas sendo reeleitas, como Paulo Maluf.

Enfim, na reportagem citada, li alguns comentários e me assustei com alguns acusando o governo federal pelos problemas em contratos estaduais. Eu ainda não consigo encontrar sequer alguma resposta para isso. Porque não é possível acontecer uma denúncia claríssima de algo, e a pessoa acusar outro agente que sequer tem influência no caso. Para mim um absurdo, o nível a que chegamos.

Faço então um desabafo, como nós, como um povo que quer se esclarecer e se libertar do julgo de outras pessoas e expressarmos nossas opiniões a partir de nossas próprias ideias se não conseguimos enxergar ao que se mostra claramente a nossas vistas (pelo menos da minha). Um país espoliado pelas mesmas elites há décadas, e contudo, continuamos elegendo partes dos mesmos grupos de poder, estes que nunca trouxeram benefícios para o país em geral, se não para seus cofres pessoais. O Brasil precisa mudar urgente, precisamos de esclarecimento, precisamos não só de instrução, precisamos de educação.

O caminho da educação é longo e árduo, mas ultimamente tenho pensado que provavelmente seja um dos poucos para se emancipar de um mundo que a tudo nos impõe. E porque a distinção entre instrução e educação: porque a meu ver, nem sempre pessoas instruídas conseguem enxergar a realidade de forma autônoma, e por isso uso educação, para em um sentido lato, as pessoas conseguirem associar seus conhecimentos com a realidade a partir disso se esclarecer.


Precisamos de uma educação que abranja não só os conhecimentos inerentes à instrução formal, mas que aprendamos política, filosofia, artes, esportes, etc., que atividades que estimulem a reflexão e discussão de assuntos sejam trabalhadas entre os educandos, e que aqueles que já se instruíram, que participem de rodas de conversa, grupos de estudo, grupos de leitura, saraus, partidos políticos, etc., mas que todos nós construamos um mundo que se autodetermine.

Nenhum comentário:

Postar um comentário