A formação superior no Brasil vem
construindo sua cultura academicista pelo decorrer dos anos. Atualmente existem
instituições de ensino superior públicas e privadas buscando seu espaço e
atraindo os mais variados tipos de alunos.
Existe uma relação na Educação de
modo geral que busca unir a teoria e a prática para um melhor aprendizado.
Seria a práxis pedagógica. No entanto eis que surge o mercado de trabalho para
impor suas vontades e seus vícios para os egressos.
O mercado de trabalho impõe suas
condições quando não insere aqueles sujeitos com formação superior diferente da
que o mercado necessita. Torna a formação do estudante inadequada a seus
desejos e vontades, deixando o mesmo refém de cursos, minicursos, treinamentos,
coachings, etc. que são vendidos pelo mundo comercial de nível superior.
Parece que com o passar dos anos,
a universidade se tornou um grande negócio. O mercado impõe suas exigências, e
ao mesmo tempo explora aqueles que buscam se adequar ao que lhe é exigido.
Provas de classe, concursos de residência, concursos públicos, etc.,
tornaram-se um nicho de mercado valioso, colocando de lado toda a experiência
que um curso de nível superior deveria proporcionar.
Em muitos curso a pesquisa não é
fomentada. E naqueles que é fomentada, só é disponível para poucos. Ínfimos
cursos proporcionam em suas grades experiências com a pesquisa científica de
maneira mais incisiva. Muitos apenas montam grupos de estudo com seleções
próprias para que os professores escolham com quem querem trabalhar e não o
estudante escolha qual área deseja se engajar para experimentar a pesquisa.
Existem cursos que sequer os
alunos se interessam pela pesquisa, e aqueles que buscam se engajar encontram
obstáculos praticamente intransponíveis, dando-lhes apenas a alternativa de
aprender a pesquisar sozinhos.
A universidade pública por ter
maiores aportes financeiros deveria proporcionar mais atividades voltadas para
a formação para a pesquisa. Para a pesquisa-ação. Para a reflexão sobre a
própria prática e a publicação das próprias ideias. A universidade tem o papel
de fomentar a comunicação e a difusão de ideias. Contudo, a pesquisa parece que
assumiu um caráter diferente no sentido de que certos tipos de ideias não
conseguem sequer sair do plano metafísico. No Brasil, existe um certo domínio
da área de pesquisa por pessoas que não querem que a mesma se expanda, buscam
deter o conhecimento para si e não em formar novos pesquisadores (as) que
possam fomentar inovações.
Os estudantes então, são
destituídos de mais uma prática, padronizados como egressos com certa carga
horária e conhecimentos tais quais possam ser usados em sua prática ou no
mercado de trabalho. Desde sua infância são podados em suas ações, e em um dos
últimos níveis, a formação superior, é podado novamente. Isso só vai variar da
universidade.
Penso que deva existir um
equilíbrio entre a teoria, a prática e o mercado de trabalho. A partir do
momento em que se prioriza só o ensino e a pesquisa, pode ser que se formem
pessoas que não consigam associar o que aprenderam com a vida prática de sua
profissão. Se uma formação é muito focada na prática, os mecanismos teóricos
que auxiliam na compreensão da realidade ficam distorcidos e prejudicados,
causando um grande mal para o entendimento do que se está fazendo em sua
atuação. E pior, quando apenas se foca nas exigências do mercado de trabalho, a
formação transforma-se numa colcha de retalhos em que suas emendas podem se
desfazer a qualquer intempérie ou mudança das características desejadas pelos
controladores do mercado.
Enfim, encontrar o equilíbrio
entre essas peculiaridades não é tarefa fácil para os gestores e professores
universitários. Contudo é de sua responsabilidade orientar a formação de seus
alunos para que tenham autonomia e condições de sozinhos construírem seus
conhecimentos e assim estarem preparados para encarar quaisquer desafios que
lhe sejam apresentados, quer seja pelo mercado, quer seja pela prática, quer
seja pela pesquisa.
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