segunda-feira, 7 de abril de 2014

FORMAÇÃO ACADÊMICA, TEORIA, PRÁTICA E MERCADO DE TRABALHO

A formação superior no Brasil vem construindo sua cultura academicista pelo decorrer dos anos. Atualmente existem instituições de ensino superior públicas e privadas buscando seu espaço e atraindo os mais variados tipos de alunos.
Existe uma relação na Educação de modo geral que busca unir a teoria e a prática para um melhor aprendizado. Seria a práxis pedagógica. No entanto eis que surge o mercado de trabalho para impor suas vontades e seus vícios para os egressos.
O mercado de trabalho impõe suas condições quando não insere aqueles sujeitos com formação superior diferente da que o mercado necessita. Torna a formação do estudante inadequada a seus desejos e vontades, deixando o mesmo refém de cursos, minicursos, treinamentos, coachings, etc. que são vendidos pelo mundo comercial de nível superior.
Parece que com o passar dos anos, a universidade se tornou um grande negócio. O mercado impõe suas exigências, e ao mesmo tempo explora aqueles que buscam se adequar ao que lhe é exigido. Provas de classe, concursos de residência, concursos públicos, etc., tornaram-se um nicho de mercado valioso, colocando de lado toda a experiência que um curso de nível superior deveria proporcionar.
Em muitos curso a pesquisa não é fomentada. E naqueles que é fomentada, só é disponível para poucos. Ínfimos cursos proporcionam em suas grades experiências com a pesquisa científica de maneira mais incisiva. Muitos apenas montam grupos de estudo com seleções próprias para que os professores escolham com quem querem trabalhar e não o estudante escolha qual área deseja se engajar para experimentar a pesquisa.
Existem cursos que sequer os alunos se interessam pela pesquisa, e aqueles que buscam se engajar encontram obstáculos praticamente intransponíveis, dando-lhes apenas a alternativa de aprender a pesquisar sozinhos.
A universidade pública por ter maiores aportes financeiros deveria proporcionar mais atividades voltadas para a formação para a pesquisa. Para a pesquisa-ação. Para a reflexão sobre a própria prática e a publicação das próprias ideias. A universidade tem o papel de fomentar a comunicação e a difusão de ideias. Contudo, a pesquisa parece que assumiu um caráter diferente no sentido de que certos tipos de ideias não conseguem sequer sair do plano metafísico. No Brasil, existe um certo domínio da área de pesquisa por pessoas que não querem que a mesma se expanda, buscam deter o conhecimento para si e não em formar novos pesquisadores (as) que possam fomentar inovações.
Os estudantes então, são destituídos de mais uma prática, padronizados como egressos com certa carga horária e conhecimentos tais quais possam ser usados em sua prática ou no mercado de trabalho. Desde sua infância são podados em suas ações, e em um dos últimos níveis, a formação superior, é podado novamente. Isso só vai variar da universidade.
Penso que deva existir um equilíbrio entre a teoria, a prática e o mercado de trabalho. A partir do momento em que se prioriza só o ensino e a pesquisa, pode ser que se formem pessoas que não consigam associar o que aprenderam com a vida prática de sua profissão. Se uma formação é muito focada na prática, os mecanismos teóricos que auxiliam na compreensão da realidade ficam distorcidos e prejudicados, causando um grande mal para o entendimento do que se está fazendo em sua atuação. E pior, quando apenas se foca nas exigências do mercado de trabalho, a formação transforma-se numa colcha de retalhos em que suas emendas podem se desfazer a qualquer intempérie ou mudança das características desejadas pelos controladores do mercado.

Enfim, encontrar o equilíbrio entre essas peculiaridades não é tarefa fácil para os gestores e professores universitários. Contudo é de sua responsabilidade orientar a formação de seus alunos para que tenham autonomia e condições de sozinhos construírem seus conhecimentos e assim estarem preparados para encarar quaisquer desafios que lhe sejam apresentados, quer seja pelo mercado, quer seja pela prática, quer seja pela pesquisa. 

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